segunda-feira, 23 de maio de 2011

Aristóteles: Revolucionário antes, Reacionário hoje?... (por Selma Mixttura)

Obviamente não poderíamos julgar Aristóteles, por este considerar “natural” a existência de escravos, afinal tratava-se de um hábito comum na sociedade grega. Por outro lado, sendo ele um filósofo, um homem de idéias, a escravidão não poderia passar despercebida aos seus olhos. O que Aristóteles traz de inovação e que o leva a ser visto como revolucionário é o fato de o estagirista avaliar o escravo a partir de sua essência e assim atribuir ao escravo a condição de ser humano e não de coisa, objeto. Sendo o escravo “um ser com raciocínio e capaz de acompanhar um argumento certas condições são necessárias para se aceitar a escravidão”. O filósofo apóia sua defesa no argumento de que a antítese superior-inferior é encontrada em todos os lugares na natureza, como entre a alma e o corpo, o intelecto e o apetite, entre o homem e o animal, o homem e a mulher, e se tal diferença existe, é para vantagem de ambos que um deve mandar no outro. Logo, alguns homens são livres por natureza e outros, escravos.” (...) “se há inferioridade, então a escravidão é de interesse de ambos, senhor e escravo. Portanto não se justifica escravizar pessoas bem nascidas (...) A escravidão por mero direito de conquista em guerra não deve ser aprovada. Claro que estas considerações devem ter provocado muita polêmica naquela época. Então, podemos dizer de Aristóteles um revolucionário para sua época. Porém, o fato de defender a idéia de superioridade e inferioridade entre seres humanos, fosse aos dias de hoje, seus argumentos seriam duramente rebatidos e certamente derrubados, pelos direitos humanos, estatuto do menor e do adolescente, direitos da mulher, direitos do idosos, defesa da natureza e assim por diante. Até porque, hoje em dia a escravidão e a exploração, a despeito do que acontece clandestinamente no mundo todo, é algo abominável, desumano e criminoso.

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