Vivemos em uma estrutura social, política e econômica que prioriza o “ter” e o “poder”, fortalecendo ainda mais a lógica capitalista. Mesmo que se empregassem todos os esforços para que a ciência e a tecnologia atendessem toda humanidade, ainda assim, seria impossível. Porque estamos diante de algo que poderíamos chamar de “efeito looping”, onde a desigualdade social leva à exclusão de conhecimentos, e na mesma medida a exclusão de conhecimentos, e assim por dizer, cultural, digital e etc., leva à desigualdade social. De acordo com o inciso I, do artigo 206, da Constituição de 1988, fica claro que a igualdade de condições se dá por duas vias: igualdade de acesso à escola e igualdade de permanência na escola. Porém, enquanto o Poder Público se preocupa em garantir a acessibilidade, na outra ponta, a permanência fica negligenciada. Assim, completar os estudos, com justiça social, não é garantido a todos.
A Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância, divulgou um relatório onde alerta que no Brasil, embora a educação tenha melhorado, a situação de muitos ainda é de grande preocupação. Entre os indígenas e quilombas, por exemplo, encontramos infraestrutura inadequada das escolas, baixa qualidade de ensino, professores com formação inadequada, escolas distantes das moradias, e tantas outras questões que causam um ensino totalmente deficiente. Outra questão delicada que dificulta a permanência escolar é em relação ao transporte. Mesmo no sudeste do país, mesmo na zona urbana, faltam ações e planejamento de políticas públicas voltadas pra esta área. E a situação se agrava em outras regiões do Brasil. A própria natureza se torna um obstáculo. Um período de seca, por exemplo, deixa a navegação do Rio Solimões perigosa, e algumas escolas ribeirinhas são obrigadas a suspender as aulas.
Enquanto uma minoria detém o poder e as riquezas, milhares disputam como animais um prato de comida. Se por um lado não se polpa investimentos em nanotecnologia e outras tantas inovações, por outro lado dados divulgados pela Organização das Nações Unidas declaram que um bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia (menos de 2 reais). Dez milhões de crianças abaixo de cinco anos morrem todo ano. Enquanto, quase 100 milhões de crianças em idade escolar primária não chegam à escola. E outro impressionante é que 800 milhões de pessoas no mundo não têm as habilidades básicas de alfabetização e 2/3 delas são mulheres, de acordo com o Banco Mundial. Segundo Rousseau “a desigualdade tende a se acumular”. Sabemos que a desigualdade social é em grande parte gerada pelo jogo do mercado e capital. Portanto, o que a sociedade em geral deve perceber é que sem um Efetivo Estado Democrático, torna-se impossível combater, ou mesmo reduzir a desigualdade social.
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