Em sua ética Epicuro faz uma oposição entre a vida virtuosa e a vida prazerosa. Para o filosofo a vida virtuosa não deve ser considerada o único caminho para a felicidade. Ser bom e virtuoso é necessário, mas não suficiente, existe ainda outra condição para a felicidade, que seria antes, sentir prazer. Porém, o prazer do qual Epicuro nos fala não se refere ao deleitar-se simplesmente, ao contrário, implica em uma completa ausência de dor. Ausência de dores físicas e de penalidades, assim nos transmite o conceito de aponia. E este conceito é de suma importância para a ética epicurista, pois através dele Epicuro defende um hedonismo moderado e orientado pela sabedoria prática, onde “o conhecimento deve servir para ajudar a suprimir os temores com relação ao destino do corpo, temores estes que têm sua origem em falsas opiniões sobre os deuses, os corpos celestes e seus fenômenos, e sobre a morte”. Enquanto Epicuro acreditava ser a dor a motivo da infelicidade, para os Estóicos as paixões é que eram as causas de todos os males. A paixão é tão somente a perturbação da alma, e a Apatia, ou seja, a ausência de qualquer paixão é a verdadeira felicidade. Pois que, segundo os estóicos, o instinto de autoconservação nos leva a buscar antes o que nos preserva do que o que nos apraz. “A prova disso está de que, antes mesmo de qualquer percepção de prazer ou de dor [contrariamente ao que pretendiam os epicuristas], as crias buscam as coisas salutares e fogem das contrárias. Isso não aconteceria se elas não amassem o próprio estado e não temessem a destruição”. (Cícero, De finibus, III, 5, 16 = von Arnim, S.V.F., III, fr 182) Sendo assim, a apatia, é o que possibilita ao homem sábio tornar-se reto e forte não permitindo que as paixões nasçam em seu coração, cortando o mal pela raiz. Ainda hoje o homem busca esquivar-se da dor, e sofre com a angústia pela morte. O problema consiste em uma não aceitação do real, e em instintos reprimidos, por isso os consultórios psiquiátricos estão lotados. “A morte é angustia de quem vive”, já dizia o poeta Vinicius de Moraes. Sofremos enquanto tememos, mas, consumado o fato, o sofrimento é para os que ficam e nele meditam. Portanto o temor pela morte é uma ilusão.
"Sim, eu quero viver muitos anos mais. Mas, não a qualquer preço. Quero viver enquanto estiver acesa em mim a capacidade de me comover com a beleza." (rubem alves)